Cultura e Gente

Indígena do AM cria bonecas para revolucionar a história do seu povo

Manaus Am –Com o objetivo de reconstruir a cultura indígena aos olhos da sociedade, a artista plástica, designer, empresária, cantora e a nutricionista, We´e´ena Tikuna, busca formas, por meio de suas diversas profissões, de manter viva a memória do seu povo mesmo morando longe da tribo que nasceu. We´e´ena é considerada um símbolo da cultura indígena no Brasil e compartilha sua arte com seus mais de 100 mil seguidores. 

Com nome que significa “onça que nada para o outro lado no rio”, We´e´na nasceu na aldeia Urimaçu, no território Ticuna, em Tabatinga (distante de 1.106 km de Manaus). Sendo a quarta filha, a indígena conta que aos 12 anos viu sua vida mudar totalmente quando os pais decidiram morar em Manaus para os filhos estudarem.

“Não foi nada fácil. Aprendi a falar aos 12 anos o português e eu nunca tinha sido alfabetizada. Sofri muito, mas o meu pai me ensinou a conjugar os verbos com pouco de conhecimento que ele tinha da língua”, relata a ticuna. 

We´e´na ainda conta que sofreu racismo e preconceito por não falar o português, além de ter que repetir a escola diversas vezes até se adaptar aos ensinamentos da língua. “Sofri racismo e fui humilhada por não falar o português. Acabei repetindo o colegial várias vezes por não entender o que era passado. Até os 12 anos só tinha contato com a minha língua nativa, a Tikuna”. 

Antes de vir para a capital, We´e´ena relembra saudosa a infância em sua aldeia natal e conta um ensinamento de sua avó que inspirou sua vida atual. “A minha infância foi linda em meio a natureza. Mas os momentos mais  marcantes da minha infância foram os ensinamentos que minha avó passava para nós. Ela ensinava que a nossa terra é sagrada; que o meu povo é sagrado. Que a floresta é a nossa vida. Que os animais são os nossos professores; que os anciões são um livro de sabedoria, pois eles sabem que a nossa luta é resistência”, expõe a artista plástica. 

A arte para disseminar a cultura

We´e´ena  se formou, primeiramente, em artes plásticas pelo Instituto Dirson Costa de Arte e Cultura do Amazonas e declara que todo indígena é um grande artista e com a sua formação, apenas aperfeiçoou seu dom. “A arte já nasce com a gente. Todos os indígenas são grandes artistas. As pinturas são algo natural do nosso povo, pois nós pintamos assim que nascemos de jenipapo e urucum. Eu apenas aprofundei os conhecimento com a minha formação como artista plástica”, conta.

Atualmente, We´e ´ena é designer de moda, possui uma marca de roupas com seu nome e com suas criações participou do Brasil Eco Fashion Week em 2019 e 2020. Suas peças com o tecido tururi e os grafismos Tikuna, a indígena relata que sua obra vem como uma forma de quebrar os preconceitos. “Coloquei as minhas peças como uma forma de quebrar todo o preconceito da sociedade. Hoje somos os próprios protagonistas da nossa história”. 

O evento de moda acabou dando uma ideia à artista: criar uma coleção de bonecas indígenas. We´e´ena, então, ela criou a coleção e chamou a atenção da sociedade para sua mais nova criação. A ideia é que as bonecas sejam um símbolo de representatividade e opção em meio aos padrões que existem. “Hoje em dia as crianças estão acostumadas com um padrão de bonecas brancas, loiras e magras e por isso eu vi necessidade de ter uma representatividade indígena nas bonecas como algo educativo para as crianças possam se conectar diretamente com a cultura indígena”, relata a artista. 

Conhecidas como “mini We´e´ena Tikunas”, as bonecas tem o grafismo de corpo e rosto tikuna e as roupas são as mesmas usadas no desfiles do Brasil Eco Fashion Week. No site, as bonecas se encontram esgotadas e para We´e´ena representam a força e a garra dos povos indígenas. “Quero mostrar para a sociedade que existe também uma boneca que representa o povo Indígena”, afirma.

Além das bonecas, We´e´ena vende em sua loja online, roupas da sua coleção e acessórios da cultura indígena, como colares, bolsas e até bonés, além de ter uma palestra on-line com o objetivo de proporcionar uma experiência indígena. A maioria dos produtos se encontram esgotados. 

Foto: Divulgação

*Com informações do Amazonas Atual

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