Um grupo de milhares de manifestantes foi às ruas em Cuba neste domingo (11) em um
raro protesto contra o governo do presidente Miguel Diáz-Canel, o primeiro desde que os irmãos Castro deixaram o poder definitivamente.
Segundo os jornais dos Estados Unidos, as manifestações ocorreram em ao menos 25 cidades
cubanas e são as maiores dos últimos 30 anos. A repressão aos atos deixou feridos entre
agentes e manifestantes e resultou em centenas de detidos.
O principal mote dos protestos foi a gravidade da situação econômica por conta da pandemia de
Covid-19, já que uma das principais indústrias do país, o turismo, ficou completamente
paralisada.
A situação se agravou ainda mais por conta do histórico bloqueio feito pelos norte-americanos há
décadas. Desde que assumiu o poder, em janeiro deste ano, o presidente Joe Biden não aliviou
as restrições nem voltou à mesa de negociação como aconteceu durante o governo de Barack
Obama, mantendo a linha mais dura de Donald Trump.
As manifestações começaram nas cidade de San Antonio de los Baños e Palma Soriano, mas
rapidamente se espalharam, inclusive em Havana, por conta das redes sociais. Em determinado
domingo, inclusive, Diáz-Canel pediu que os apoiadores do governo fossem às ruas para
enfrentar os opositores.
Em manifestação oficial através do portal “Granma“, o presidente acusou os Estados Unidos de
estarem por trás “da mais recente provocação orquestrada por pequenos grupos contrarrevolucionários” e disse que “há 60 anos” os norte-americanos vêm atacando a
“Revolução Cubana”.
Ainda conforme Díaz-Canel, o governo “foi honesto e claro, e a todo instante desse período, nós
explicamos ao nosso povo as complexidades dos momentos atuais” por conta da pandemia .
Como a comunicação é bastante controlada em Cuba, não se sabe se os atos deste domingo
serão apenas isolados ou se a situação se ampliará.
Em abril deste ano, Diáz-Canel assumiu a presidência do Partido Comunista, colocando fim à
liderança oficial do ex-presidente Raúl Castro, que se retirou da vida pública aos 89 anos.
Fonte: Agência Italiana de Notícias (ANSA)